Um site muito bom que me inspira muito
obrigado e prometo que assim que acabar as provas eu vou começar a ler denovo e continuar a faser resenhas
thank's
Att: Bruno gobbo
Ariel é um nome de origem hebraica que significa Leão de Deus. Sendo neutro, ele pode ser usando tanto para homens – como fez Shakespeare em sua peça A Tempestade, nomeando o Espírito do Ar – quanto para mulheres – como fez Hans Christian Andersen em A Pequena Sereia.
Contudo, atualmente o nome é muito mais usado como feminino. Comprovamos isso através do gráfico abaixo, que mostra sua popularidade no decorrer dos anos.
A razão por dar esse pequeno histórico do nome Ariel é para enfatizar a complexidade e a abundância de formas e significados que encontramos já no título dessa obra incrível escrita por Sylvia Plath e publicada pela Editora Verus aqui no Brasil.
Sylvia Plath suicidou-se em Londres em 11 de fevereiro de 1963. Tinha Apenas 30 anos.Foi assim que começou a história desse clássico da poesia contemporânea. Produzido nos últimos doze meses da vida da autora, que deixou o manuscrito pronto para publicação e caprichosamente organizado ao dar fim a sua existência.
O que ninguém sabia até pouco tempo atrás é que o Ariel publicado em 1965 pelo marido de Plath era muito diferente daquele idealizado por ela. Ted Hughes eliminou do arranjo original treze poemas que considerou “pessoalmente agressivos” e incluiu outros treze, a maioria escrita em 1963.
O livro é uma obra de arte, tanto literária quanto esteticamente. Cada poema traz ao lado a versão datilografada pela própria autora, pode-se, assim, verificar suas edições feitas manualmente e, quem conhece um pouco de inglês, comparar as nuances da tradução, que deve ter sido dificílima para conseguir manter a complexidade das imagens criadas pela poeta.Somente em 2004 o mundo pode conhecer o verdadeiro Ariel, publicado simultaneamente nos EUA e na Inglaterra pela filha de Sylvia. A edição trouxe o fac-símile dos manuscritos originais.
Não vou enganar vocês. Os poemas são extremamente densos e eu não recomendo o livro para leitores inexperientes. Vários deles exigem muitas releituras até conseguirmos captar o sentido e a relação com algum aspecto da vida da autora (sim, na minha opinião não existe eu-poético em Sylvia Plath; quem escreve é a própria), desde a traição pelo marido, a tentativa de suicídio quando criança, o amor por seus filhos e até um simples episódio de um corte no dedo.
Uma dica: no final do livro há uma breve explicação de cada um dos poemas. Mas quem prefere isso, ao invés de criar sua própria interpretação?Lady Lazarus: 23-29 de outubro de 1962. Plath: “O narrador é uma mulher que possui o grande e terrível dom de renascer. O único problema é que ela tem de morrer primeiro. Ela é a Fênix, o Espírito Libertário, o que você quiser. É também uma mulher bem sucedida, boa e honesta”. Nazi lampsahde, Jew linen (abajur nazista, linho judeu): além de referências a suas tentativas de suicídio, são cada vez mais presentes em sua poesia imagens do Holocausto e da sina dos judeus, aqui fundida, na pele de uma stripper, com a passagem Lázaro, na Bíblia, ressuscitado por Cristo depois de três dias morto numa cova. Isadora: referência à morte da dançarina Isadora Duncan, enforcada com a própria echarpe, que se enroscou na roda de um carro.
Lady LazarusE como terminar de falar sobre um livro assim? A poesia de Plath sequer nos permite o silêncio. Como um grito, ela ecoa por nossos ouvidos e estremece nossas mentes até revelar nossas fraquezas.
Tentei outra vez.
Um ano em cada dez
Eu dou um jeito –
Um tipo de milagre ambulante, minha pele
Brilha feito abajur nazista,
Meu pé direito
Peso de papel,
Meu rosto inexpressivo, fino
Linho judeu.
Dispa o pano
Oh, meu inimigo.
Eu te aterrorizo? –
O nariz, as covas dos olhos, a dentadura toda?
O hálito amargo
Desaparece num dia.
Em muito em breve a carne
Que a caverna carcomeu vai estar
Em casa, em mim.
[...]
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