Resenha Feita Por
Carteaux 14/11/2010
A Grécia que cativa
Em análise rápida – e, portanto, temerária e potencialmente imprecisa – pode-se dizer que os gregos, afinal, venceram. A civilização e a cultura ocidental ditam os rumos da humanidade nos dias de nossa coetaneidade. Para que isso ocorresse, naturalmente, foi necessário que uma série infindável de eventos, interligados e entrecruzados, que tem início com a vitória grega nas Guerras Médicas.
O Conflito decisivo entre o modo de vida helênico e o estilo oriental dos persas, do qual sobreveio uma vitória da democracia contra o despotismo. Isso permitiu o florescimento da cultura grega clássica. Depois veio Alexandre e a grande expansão. A cultura helênica que já não cabia nos limites da Hélade e o modo de vida desse povo originário da parte meridional dos bálcãs se derramou pelo mundo e suas influências o governaram por séculos.
Quando finalmente a Grécia caiu frente aos romanos o que se viu, na verdade, foram os romanos serem absorvidos pela cultura grega e se tornando gregos de fato, vivendo como gregos e cultuando deuses gregos. Quando Roma caiu, o mesmo se deu em relação aos povos bárbaros que a conquistaram: eles passaram a ser os novos romanos e, portanto, os novos gregos. É o que J. M. Roberts [1] explica com grande desenvoltura no excerto transcrito a seguir:
"[...] um poeta romano observara a respeito de uma das conquistas romanas: 'A Grécia cativa tornou cativo seu selvagem captor'. Ele queria dizer, corretamente, que embora os Estados gregos tivessem sido dominados, os romanos, triunfantes haviam sido cativados pela civilização grega. Algo parecido aconteceu no Ocidente quando o Império Romano chegou ao fim. Portanto, os romanos, e através deles os gregos e os judeus não cessaram de influenciar a história."
Pois bem, este longo intróito visa delimitar precisamente a importância, para nós ocidentais, de estudar a mitologia grega. O excelente ‘As 100 Melhores Histórias Da Mitologia”, da pena de A. S. Franchini e de Carmen Seganfredo, adota a terminologia latina, mas trata essencialmente da mitologia grega, ou da segunda fase [2] da mitologia romana que, de fato, é quase uma total apropriação da grega.
A opção pelos termos latinos não compromete a quem, porventura, procura o livro para se inteirar dos mitos gregos. Com facilidade, e a indispensável ajuda da internet, é perfeitamente possível confrontar os nomes e verificar os correspondentes gregos aos nomes latinos citados no livro.
Grande parte das histórias narradas em prosa nesta obra, em forma de conto, por Franchini e Seganfredo, são as mesmas que por anos a fio foram ouvidas ao som da lira ou da Fórmix dos aedos e rapsodos, transmitidas pela tradição oral e que foram enfim escritas, em data imprecisa e atribuídas a Homero, e são os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram aos dias atuais: a Ilíada e a Odisséia.
Muitas das 100 histórias se referem à Guerra de Tróia, ao herói Aquiles e aos episódios ocorridos durante os 10 anos em que durou o cerco até a vitória final dos gregos, bem como aos episódios do regresso de Ulisses, Odisseu para os Gregos, para Ítaca. Concentração que não causa nenhuma espécie, haja vista ser incontroverso que o poeta cego Homero é um dos grandes fundadores da mitologia grega.
Contudo, o livro não se resume à mera paráfrase de Homero. Os feitos dos grandes heróis helênicos: Jasão e a busca do Velocino de Ouro e Hércules e seus doze trabalhos. Aventuras que são tratadas pelos autores em linguagem totalmente acessível e não raro em um tom bem humorado que torna a leitura agradabilíssima.
O leitor mais atento irá perceber que os famosos doze trabalhos de Hércules são atividades rotineiras relacionadas à caça, à domesticação de animais bravios, à colheita e à guerra. É bem provável que um Hércules de nossos dias pudesse se distinguir realizando grandes tarefas como enfrentar enormes engarrafamentos, conciliar a jornada de trabalho com os estudos. Na falta de alguém que se destaque por realizar coisas assim, muito embora quase todas as pessoas que vivem nas cidades as realizem, o herói moderno, quase sempre, provém do mundo dos esportes.
Voltando a falar da mitologia greco-romana, as histórias presentes na obra ora comentada são naturalmente pré-cristãs. Os deuses são figuras muito “humanas”, plenos de idiossincrasias e de anseios, prontos a descarregarem sua ira, sua fúria e sua frustração nos pobres mortais, que por sua vez tentam de todas as maneiras contemporizar os humores instáveis desses deuses. Muitas das histórias, porém, foram de alguma forma incorporadas pelas religiões monoteístas de origem semita e a falta de maior familiaridade com os mitos levam o leitor a pensar que já ouviu falar sobre aquele assunto antes, quando, por exemplo, se depara com relatos sobre um dilúvio ou sobre uma proibição de se olhar para trás, que acabou por petrificar tanto Eurídice, quanto Sara.
Quando comecei a ler o livro, decidi que leria uma ou duas histórias por dias e que levaria aproximadamente 3 meses para chegar ao fim. Não consegui seguir o plano a risca e no total foram precisos mais de 6 meses para concluir a leitura em um ritmo lento, enquanto lia outras coisas. Mesmo assim, entendo que valeu muito a pena e que foi bastante divertido. Um mergulho cativante no mundo grego.
Créditos totais Carteaux
Bem esse livro eu li apenas 6 capitulos então nao dava para uma boa resenha então copiei a resenha de Carteaux e postei aqui espero que gostem
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