Os irmãos Fracalossi - Capitulo II

CAPITULO II

Por não saber mais como resolver o caso de meu irmão, eu já estava perdendo a paciência, e aquela noite não era o melhor momento para conseguir sair da estaca zero naquele assunto. Com a dor de cabeça cada vez mais forte, resolvi descansar um pouco. Fazendo isso acordaria bem disposto e com certeza eu teria condições de avançar na minha investigação. Quando percebi isso que decidi ir até o quarto que eu tinha me instalado desde o dia da morte de João, procurei por alguns CD’s e quando finalmente encontrei o CD Tosca do grande tenor Andrea Bocelli, não pensei duas vezes em colocá-lo para tocar. Aquilo me acalmou até que peguei no sono, acordando muito depois do nascer do sol.
Ao acordar, voltei a ouvir Andrea Bocelli. Meu ídolo de tantos e tantos anos, meu conterrâneo. E como toda música boa, aquilo relaxava e fazia com que eu não me preocupasse. Acordei sem dor e com apenas um objetivo: sair do zero naquele dia.
Como a primeira refeição é sempre a mais importante, tomei um café da manhã bem reforçado – seria extremamente necessário – tomei um banho e voltei ao meu escritório. Lá, li todas as minhas anotações sobre o caso da minha vida e percebi algo estranho, que até aquele momento nunca tinha notado. A data do assassinato e o local era muito familiar para o meu irmão. Ali, na Praça Charles Müller no dia vinte e três de abril, porém, do ano de mil novecentos de noventa e nove, que meu irmão havia achado provas de que um homem havia matado sua ex-esposa.
Tinha tudo a ver, pois o local era onde o homem havia enterrado a esposa, e onde ele sempre estava. Na ocasião, João começou a seguir todos os passos do assassino, e numa certa noite, o mesmo começou a cavar o local e jogou um objeto lá dentro – esse objeto era nada mais, nada menos do que uma faca que possivelmente foi à arma utilizada no crime – e voltou a jogar a terra por cima. É claro que João não deixou quieto, e conseguiu descobrir a verdade: ele era o assassino. Felizmente, também conseguiu prender o canalha. O mais curioso era que os dois casos aconteceram no mesmo dia e no mesmo local.
Agora, alguns anos se passaram, mas a data era a mesma, o local que estava o corpo era o mesmo. No círculo central daquele gramado. Era muita coincidência para apenas dois casos. Isso era muito estranho e eu teria que investigar.
Vendo que o que eu descobri era de grande importância, terminei de me arrumar e sai daquele escritório. Sabendo que o infeliz de alguns anos atrás estava preso, fui até o presídio e pedi informações sobre um antigo caso de um homem que havia esfaqueado sua esposa e enterrado na Praça Charles Müller. Por algum tempo, ninguém sabia informar nada, até que entrou um japonês que era o delegado da cidade. Começamos a conversar sobre o assunto, e enquanto o papo fluía, perguntei cuidadosamente sobre o caso, expliquei os dois casos até que por fim ele começou a falar:
-Esse caso é antigo, mais eu me lembro bem deste infeliz. Ele era um homem moreno e alto, cerca de 1,90 de altura, cabelos curtos e olhos demoníacos. Aquele olhar me dava medo – ele engoliu em seco e prosseguiu – e também a todos os presidiários. Tenho certeza que aquele foi respeitado aqui dentro. Mais venha, me siga, vou te mostrar tudo que tem registrado sobre o caso.
-Muito obrigado Dr.. – lembrei que não havíamos nos apresentado - Qual o seu nome mesmo?
-Me desculpe Dr. Francescco. Eu me senti tão empolgado que mal tive tempo de me apresentar. Meu nome é Yamada. Kentaro Yamada. Delegado dessa cidade há pouco tempo, mais sempre trabalhando para ajudar o bem, como você meu parceiro.
-É claro, sempre a procura do bem – respondi meio que obrigado – mais voltando ao assunto. Você tem muitas informações sobre este homem?
-Olha Dr. Francescco, o caso é muito conhecido por toda a cidade, até mesmo o Estado. Creio que terá muita coisa interessante que pode te ajudar. Mais eu acho muito difícil você conseguir provar que o nosso amigo fez algo contra o seu irmão, ele estava preso o tempo todo e aqui dentro, ele não tinha nenhum contato com o mundo exterior. Ele é sozinho no mundo, sem pais, irmãos, filhos. A única pessoa viva ele matou brutalmente.
-Mais tenho que encontrar algo, se não eu vou pedir sua permissão para falar com ele, só que não garanto que ele continua vivo, não sei qual será minha reação.
-Não haverá nenhuma reação meu caro, pelo menos não aqui – ele disse friamente.
-Como assim não haverá nenhuma reação?
-Oras, ele não está mais aqui conosco.
-Não vá me dizer que ele fugiu né?
-É claro que não, ninguém foge do meu presídio.
-Não me venha com esse tipo de coisa Yamada, e me diga, onde ele está?
-Ele foi transferido para o interior do Estado de Goiás a mais ou menos, doze horas.
‘Eu não acredito nisso, por que eu fui dormir a ultima noite’ pensei comigo.
-Mas Doutor Francescco, irei levá-lo até o arquivo onde você poderá encontrar qualquer tipo de informação do caso, espero que isso lhe ajude.
-Duvido que algo poderá me ajudar mais do que se eu tivesse encontrado aquele canalha aqui – soquei um armário que estava do meu lado – pelo visto a sorte não está do meu lado.
-Em primeiro lugar, se o senhor continuar destruindo o patrimônio irei expulsá-lo.
-Me desculpe, me leve para esse tal de arquivo.
-O.k então. Me siga por favor.
Fiz o que me foi pedido e o segui por alguns corredores, até que chegamos em uma sala que mais parecia um quarto abandonado. Entrando lá me deparei com uma imensidade de papéis jogados no chão, em prateleiras, em caixas e todo tipo de suporte que se pode imaginar. Como esperado do dono de todos aquelas papeladas, Yamada foi direto em uma caixa, que logo percebi ter a letra F na tampa da caixa. Imaginei que o nome do ser começasse com essa letra. Aguardei uns instantes até que o delegado esticou a mão e me entregou cerca de 20 páginas, e rapidamente disse:
-Aqui estão as principais informações do sujeito, espero que isso lhe ajude Dr. Francescco. Agora eu vou voltar para o meu serviço, fique a vontade, e depois coloque sobre aquela mesa que está tudo certo.
-Muito obrigado delegado, tenho certeza que ajudou.
-Com licença.
E antes que eu pudesse responder, ele já não estava mais na sala.
O que me restava fazer era ler aquela papelada toda.
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Bruno Gobbo

Bloggeiro des dos 10 anos. ( ja to com 3 anos de blog )^^. gosta muito de photoshop, games como dragon age, e de leitura. (Gosto tambem de commentarios nas postagens ) ^^ obrigado e até